Lilian Garcia de Paula Cintra

Minha foto
São Paulo, São Paulo, Brazil
Lilian Garcia de Paula Cintra CRP 06/77515 Psicóloga mestre formada pela Universidade Mackenzie com mestrado em psicologia clínica pela PUC -SP. Aprimoramento pela Fundap - Cratod em Dependências e Saúde Mental e Pós graduação em Abordagem Junguiana pela PUC SP. Clínica localizada em Perdizes/ Barra Funda prox ao metrô Barra Funda - adultos, adolescentes, idosos e casais. Psicóloga com experiência em situações de crise, abrigamentos e coordenação de equipe. site: https://www.psicologiabarrafunda.com/ (11) 99964-8509 / 2366-6249

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

PSICOTERAPIA COMO CAMINHO


A vida, desde seu início, implica em mudanças, requer novas atitudes e revisão de condutas, pensamentos, sentimentos de forma cíclica. Quando criança estamos fisicamente mudando, nosso corpo, nossa forma de pensar, estamos amadurecendo, nos tornando adultos. A adolescência é claramente um período de mudanças, é quando a lagarta inicia sua transformação em borboleta, a forma que terá na vida adulta.
Daí em diante fica mais difícil perceber as mudanças já que elas não ocorrem no corpo, não são visíveis, mas nem por isso deixam de existir. Existe aí a escolha da profissão, o início da vida profissional, o casamento ou mudança da casa dos pais, as responsabilidades que mudam no decorrer da vida, o nascimento de filhos, a morte pessoas importantes da família, a saída dos filhos de casa, o divórcio ou separação, a aposentadoria...
Enfim, a roda da vida continua seu processo e cada mudança requer uma nova atitude frente a ela. Isso é, muitas vezes, tão complicado... tão dolorido...
Muitos pacientes já me relataram a sensação de que ao se acostumarem com uma realidade, com uma rotina, as coisas mudam e a sensação de solidão, de falta de perspectiva, de tristeza se torna muito forte. A pessoa sente não ter controle sobre a própria vida e a sensação é bastante angustiante.
Quando decidi escrever esse texto pensei em dividir com todos a sensação presente nos momentos de crise. Todos passamos por crises, por mudanças, pelas dificuldades presentes nessas jornadas, mas que, se bem entendidas e, consequentemente, integradas na vida de cada um, trazem a nós uma sensação de autonomia, de capacidade de enfrentamento e de força.
A psicoterapia, em grande parte dos casos, entra na vida das pessoas nesses momentos de crise, quando o ser humano sente-se completamente perdido. Daí, o psicólogo tem a função de ajudar o paciente a caminhar nessa árdua tarefa de passar pelo seu deserto pessoal. Esse caminho não é longo nem curto, alegre nem triste, é desesperador e reestruturador, traz a sensação de poder sobre a própria vida ao entender que não temos controle sobre a grande maioria de seus processos. É contraditório, enriquecedor, profundo e dolorido.
As pessoas querem, ao chegar na terapia, parar de sofrer, não sentir mais a dor que vivenciam, mas isso também faz parte de seu processo. Aceitar, vivenciar seu luto pela perda da vida anterior, mesmo quando a nova vida aparenta ser melhor que a antiga.
O psicólogo, então, tem como função acompanhar como um "guia de almas" cada pessoa em seu processo de mudança, em suas dores, em seu luto, ajudando-a a entender que esse processo dura um tempo que não podemos definir, que não temos controle, mas que estamos ali pra acompanhá-la nessa jornada e ajudá-la a entender o que é necessário e poder finalizar o processo de forma íntegra, se tornando um ser humano mais completo.
Assim como a lagarta entra em seu casulo, e espera o tempo que precisa pra sair dali transformada, vivenciando cada momento dessa transformação, o mesmo ocorre conosco nesses vários momentos da vida.
O psicólogo ajuda a mostrar saídas e a entender e sentir cada processo com seu paciente. É um processo muito transformador e muito bonito.