Lilian Garcia de Paula Cintra

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São Paulo, São Paulo, Brazil
Lilian Garcia de Paula Cintra CRP 06/77515 Psicóloga mestre formada pela Universidade Mackenzie com mestrado em psicologia clínica pela PUC -SP. Aprimoramento pela Fundap - Cratod em Dependências e Saúde Mental e Pós graduação em Abordagem Junguiana pela PUC SP. Clínica localizada em Perdizes/ Barra Funda prox ao metrô Barra Funda - adultos, adolescentes, idosos e casais. Psicóloga com experiência em situações de crise, abrigamentos e coordenação de equipe. site: https://www.psicologiabarrafunda.com/ (11) 99964-8509 / 2366-6249

sexta-feira, 6 de março de 2015

O AMOR E A RELAÇÃO COM O INCONSCIENTE

Falar de amor é ao mesmo tempo gostoso, difícil, requer cuidado e sutileza. Cada um entende o amor de uma forma, para cada pessoa ele é expresso de uma maneira e se relaciona com formas diversas de ser e estar no mundo.

É possível, então, imaginar a dificuldade de se trabalhar um assunto tão complexo no contexto clínico. Aquilo que cabe a mim, pode não caber ao você ou ao outro. Cada história tem características únicas e um sentido muito importante para os que a vivenciam. Muitas vezes, vem até mim na clínica, pacientes que relatam não enxergar valor na relação amorosa que vivenciam, acreditando que a história não vale a pena. Claro, isso vem regado de muito sofrimento e dúvidas. Muitas vezes, os pacientes comprovam durante seus processos, que sim, aquela história já terminou. Porém, nunca acompanhei um caso em que determinada história não tivesse um valor importante, não tivesse um sentido na vida daquela pessoa, e entender essa importância traz um sentimento de bem-estar, de ter vivido o que devia. Mesmo ao perceber que já não é mais cabível no momento de vida atual. Isso acontece...

Assim como acontece com diversas pessoas de resignificar suas histórias, de redescobrir o que muitas vezes se esconde embaixo da rotina, das dores do dia-a-dia. Da costumeira inabilidade que faz com que transformemos o amor em disputa, em ganhos e perdas, na busca de receber mais amor do que se oferece. Como se fosse quantificável... 

O vínculo que se constitui entre duas pessoas em um relacionamento amoroso permite que cada um possa entrar em contato consigo mesmo no que existe de mais verdadeiro em si. O verdadeiro sentimento que une duas pessoas resignifica na concretude, na vida prática, o contato com o outro que complementa nossa personalidade, o que traz um sentimento de plenitude e atualiza de forma mais forte o contato com nossa essência mais verdadeira.

Jung explica de forma belíssima a importância de vivenciar o amor plenamente:

Quando a libido de alguém vai para o inconsciente, menos vai para a
pessoa humana; quando se dirige à pessoa humana, menos vai para
o inconsciente. Mas quando se dirige a uma pessoa humana, e for
verdadeiro amor, é o mesmo que a libido ir diretamente ao
inconsciente, pois a outra pessoa é um representante muito forte do
inconsciente, mas apenas quando é amada de verdade. (JUNG,
[1916] 2011c, § 1105, p. 28).

As dificuldades em um relacionamento vem, muitas vezes de nossa própria dificuldade em lidar com nossos sentimentos confusos, nossos medos, nossa dificuldade em confiar, em acreditar, em apostar verdadeiramente na história que vivenciamos. Acreditar no amor que sentimos e no sentimento da outra pessoa não é tarefa das mais fáceis, mas somente confiando e acreditando no que se vive é que podemos ter uma história de amor completa e verdadeira. Amar requer coragem!