Lilian Garcia de Paula Cintra

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São Paulo, São Paulo, Brazil
Lilian Garcia de Paula Cintra CRP 06/77515 Psicóloga mestre formada pela Universidade Mackenzie com mestrado em psicologia clínica pela PUC -SP. Aprimoramento pela Fundap - Cratod em Dependências e Saúde Mental e Pós graduação em Abordagem Junguiana pela PUC SP. Clínica localizada em Perdizes/ Barra Funda prox ao metrô Barra Funda - adultos, adolescentes, idosos e casais. Psicóloga com experiência em situações de crise, abrigamentos e coordenação de equipe. site: https://www.psicologiabarrafunda.com/ (11) 99964-8509 / 2366-6249

domingo, 16 de julho de 2017

O MOMENTO É AGORA: NÃO DEIXE PARA AMANHÃ


Ainda não é a hora. Tudo tem seu tempo. Acabei de trocar de emprego. Já está no final do ano, ano que vem eu faço. Deixa passar o carnaval. Preciso terminar meu curso antes... são todas explicações muito comuns para adiar algo e, certamente todos nós já as demos diversas vezes. Para nós mesmos e para os outros.

Sim, em alguns momentos, é muito importante esperar mesmo, amadurecer algo antes de definir, resolver questões que prejudicam o andamento de um plano específico. É importante esperar, mas é muito importante realizar, muito mesmo.

O maior problema é se o esperar ganha sempre do realizar. Planejar é necessário como o 1º degrau da execução, mas se não existirem os próximos passos, o plano se torna um sonho, ou seja, algo bem distante da realização que mora somente no plano da imaginação, das ideias.

Quantas pessoas já não tiveram uma grande ideia que um dia viram executadas por outra pessoa? Ou planejaram fazer um curso novo, mudar de emprego? Nenhuma decisão é fácil de ser tomada, principalmente se essa decisão afeta a vida amplamente como mudar de profissão, ter um filho, comprar uma casa, mudar de cidade ou de país. Todas as possibilidades estão no mundo e são possíveis de serem vividas, por isso a cada dia escolhemos quais vamos viver e quais vamos deixar passar sem experimentar. São decisões constantes e rotineiras que nem percebemos serem tomadas, faz parte do dia-a-dia. Outras são decisões mais complexas que exigem tempo para serem tomadas.

Porém, são essas grandes decisões que interferem diretamente no curso da vida, que falam de uma necessidade de mudança, de um incômodo que diz que como está, não está bom, que algo precisa mudar. É o incomodo que leva à mudança. Sentir que algo não vai bem, que as coisas não estão encaixadas, é bom e é necessário para que um novo equilíbrio se estabeleça.

Jung ([1928]2008) garante que a perda de equilíbrio é algo necessário e importante para o desenvolvimento, “pois substitui uma consciência falha, pela atividade automática e instintiva do inconsciente, que sempre visa à criação de um novo equilíbrio(...)” (§ 253).  É necessário esse confronto entre o inconsciente e o consciente para que o saber do inconsciente possa ser acessado e traduzido e, assim, incorporado na nova forma de se apresentar ao mundo.

A forma como a pessoa se mostra para o mundo muitas vezes tem um peso muito grande nas decisões tomadas, já que determinadas decisões podem mudar a maneira como uma pessoa é vista pelos que a rodeiam. Essa questão nos dá um indício da dificuldade não só de tomar uma decisão que mude algo significativo na vida como também de manter a decisão tomada. É imperativo lidar com as expectativas frustradas, com sentimentos contraditórios, com a sensação de que se está no caminho certo em contradição com o que outros esperam e, muitas vezes, até mesmo com o que espera de si mesmo.
Não devemos esquecer para não esmorecer diante dos problemas e dificuldades que a mudança traz, que a persona – papel social que desempenhamos – é mutável e assim deve ser, já que:


 “(...) no fundo nada tem de real; ela representa um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que alguém deve ser (...) resultam de um compromisso no qual outros podem ter uma quota maior que a do indivíduo em questão” (JUNG, [1928] 2008, §246).


Se esse novo equilíbrio é alcançado a pessoa caminha novamente de acordo com seu centro, com sua verdade. E a sensação de que se está no caminho certo surge. Claro que dúvidas surgirão, medos, angustias e novos desequilíbrios, mas são esses reajustes constantes que fazem a vida caminhar, se organizar. É necessário força, coragem e persistência para que a constante necessidade de mudança possa ser aceita plenamente e, com isso, se possa viver verdadeiramente.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA


JUNG, C.G. O Eu e o Inconsciente. Vol. 7/2. 21ª ed. Petrópolis: Vozes, [1928] 2008a.