Lilian Garcia de Paula Cintra

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São Paulo, São Paulo, Brazil
Lilian Garcia de Paula Cintra CRP 06/77515 Psicóloga mestre formada pela Universidade Mackenzie com mestrado em psicologia clínica pela PUC -SP. Aprimoramento pela Fundap - Cratod em Dependências e Saúde Mental e Pós graduação em Abordagem Junguiana pela PUC SP. Clínica localizada em Perdizes/ Barra Funda prox ao metrô Barra Funda - adultos, adolescentes, idosos e casais. Psicóloga com experiência em situações de crise, abrigamentos e coordenação de equipe. site: https://www.psicologiabarrafunda.com/ (11) 99964-8509 / 2366-6249

sábado, 22 de abril de 2017

AS DEUSAS GREGAS E A MULHER




Esse post tem o intuito de nos permitir ter uma melhor compreensão das formas de ser mulher no mundo. Na mitologia grega, as deusas representam diferentes maneiras de ser. Cada deusa traz características que são encontradas em todas as mulheres de acordo com o momento de suas vidas. Vou apresentar resumidamente algumas dessas características que podem nos auxiliar em nosso próprio entendimento como mulheres e também ajudar os homens na compreensão de algumas características femininas:

HERA: Deusa protetora do matrimônio, possui a capacidade de estabelecer elo e passar por dificuldades com o companheiro escolhido. A mulher com uma forte representação de hera na consciência tem como foco a relação conjugal, sem a qual, sente-se incompleta. Precisa admirar seu esposo e faz o possível para que ele alcance uma posição que considere relevante na sociedade, sentindo muito orgulho com isso.

DEMÉTER: Deusa da maternidade e da terra cultivada, é capaz de dar a vida, nutrir e também de devorar e impedir o crescimento. Simbolicamente, Deméter representa tudo o que se relaciona com a terra, com a nutrição, as sementes, o cultivo, a proteção, a dominação. As “mulheres deméter” são mães em tempo integral se possível, amam cuidar, nutrir, embalar. Crianças são seres muito próximos à elas. Também são mulheres que tem dificuldades mais marcantes em permitir que seus filhos cresçam e se desenvolvam pois vão deixar seus cuidados.

CORÉ/PERSÉFONE: Filha de Deméter na mitologia, Coré é a imagem do feminino infantil que se transforma em Perséfone, a rainha do submundo, que reina sobre os mortos e guia as almas. Como Coré representa a eterna juventude, vitalidade e potencial. Como Perséfone é a deusa do inconsciente, médium e mística. As mulheres-Perséfone sentem-se facilmente desprotegidas, já que constantemente são invadidas por sentimentos, pensamentos e intuições que fogem ao seu controle. Vivem constantemente com a ameaça de dissociação psíquica, sentindo desespero e carecendo de afeição e realidade. O objetivo de suas vidas é aprender a lidar com os dois mundos: interno e externo, o visível e o oculto. Simbolicamente, a proximidade com o aspecto Perséfone da psique possibilita um contato consigo mesma, com seus aspectos mais profundos, menos conhecidos.

AFRODITE: Deusa do amor e da beleza. Afrodite atrai a todos a sua volta com um magnetismo natural e inspira fantasias em muitos deuses e homens. É uma deusa movida por relações. As mulheres que possuem proximidade com a deusa Afrodite são pessoas com um magnetismo natural, sedutoras, inspiradoras. Buscam ligações afetivas com todos à sua volta seja no trabalho, com amigos ou na família. Precisam sentir uma ligação emocional com o que fazem, seja o que for, para que aquilo faça sentido em suas vidas. A reconquista amorosa e profissional é sempre muito importante para as “mulheres afrodite”.

ATENÁ: Deusa da sabedoria, da inteligência e das cidades. É o aspecto do feminino relativo à razão, à lógica, à verdade, à independência e à autoconfiança. Busca sempre o meio-termo e a justiça, é guerreira, argumentadora e tem a capacidade de apaziguar. É líder nata. Simbolicamente representa a competitividade feminina mesmo em situações consideradas tipicamente masculinas, nunca se intimida e assume responsabilidades e empreendimentos com segurança e confiança. A “mulher atená” transmite a sensação de não precisar do outro.

ÁRTEMIS: Deusa da caça, da lua, da natureza, da vida selvagem. Representa o aspecto feminino guerreiro, independente e também destrutivo e cruel. É a deusa do foco, sendo exímia arqueira. Muito ligada à mãe, sai em sua defesa sempre que necessário e também de outras mulheres ou homens, deuses ou mortais, que pedem sua ajuda. Representa a competitividade natural, o distanciamento emocional dos que a cercam e representa o que há de mais instintivo no feminino, de mais visceral. As “mulheres ártemis” sentem-se perfeitamente à vontade na natureza e lidam com o que é visceral no humano e no mundo com total naturalidade.

HÉSTIA: Deusa do fogo e da casa. É responsável por santificar o local em que se encontra, transforma onde está em um lar, e tem seu centro em seu mundo interior. É uma deusa que basta a si mesma e vive em isolamento. Representa o contato consigo mesma. Mulheres regidas por esse princípio são quietas e reservadas, apreciadoras da solidão, podendo tornar-se desatentas com o meio em que se encontram. É através de Héstia que é possível o aconchego, a meditação, a união familiar, protetora da vida psíquica.

Todas as mulheres possuem dentro de si, ao menos um pouco de cada deusa. Porém, unir esses aspectos, dar vazão à eles e permitir que cada um tenha lugar na consciência, de forma a ampliar as possibilidades de ser no mundo de cada mulher, é uma conquista diária que requer reflexão e constante aprendizado sobre si mesma. O texto teve a intenção de ajudar a compreender um pouco sobre a amplitude de ser mulher nos tempos de hoje e de sempre.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALVARENGA, M. Z.; CORDEIRO, A. M.; PALOMO, V. et. al. Mitologia Simbólica: Estruturas da Psique e Regências Míticas. 2ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010.
BOLEN, J. S. As Deusas e a Mulher. São Paulo: Paulus, 2005.
PAULA, L. G. A Lenda de Mulan: A Jornada da Mulher e do Feminino. 2008. Monografia (Especialista em Abordagem Junguiana: Leitura da Realidade e Metodologia de Trabalho) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.
PAULA, L.G. O Feminino em Dom Casmurro: Uma leitura junguiana de seus personagens. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica Junguiana) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2013.