Lilian Garcia de Paula Cintra

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São Paulo, São Paulo, Brazil
Lilian Garcia de Paula Cintra CRP 06/77515 Psicóloga mestre formada pela Universidade Mackenzie com mestrado em psicologia clínica pela PUC -SP. Aprimoramento pela Fundap - Cratod em Dependências e Saúde Mental e Pós graduação em Abordagem Junguiana pela PUC SP. Clínica localizada em Perdizes/ Barra Funda prox ao metrô Barra Funda - adultos, adolescentes, idosos e casais. Psicóloga com experiência em situações de crise, abrigamentos e coordenação de equipe. site: https://www.psicologiabarrafunda.com/ (11) 99964-8509 / 2366-6249

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

RELACIONAMENTO AMOROSO E A FAMILIA

Relacionar-se é sempre uma arte e das mais difíceis de se realizar, acredito que todos concordam com isso. Relacionamento amoroso então... invariavelmente nos atendimentos clínicos recebo casos e mais casos em que a dificuldade de entender o mundo do outro, de se fazer entender, de enxergar o mundo a partir da referência da outra pessoa, conseguir expressar seus sentimentos e vontades na relação, enfim, em que o relacionar-se é uma das maiores queixas, se não a principal do processo psicoterapêutico.

Mas o interessante é que muitas vezes, muitas mesmo, a queixa principal é da relação com o(a) parceiro(a) inserido em um meio social, principalmente a família do namorado (a), noivo(a), marido ou esposa. São comuns frases como “quando estamos só nos dois fica tudo bem”, “não temos problema se convivemos só nos dois”, “queria poder viver viajando só com ele/ela porque fica tudo tão calmo”... sim, é verdade... se a relação só com o parceiro (a) já tem as suas dificuldades, então dá pra imaginar o que acontece quando se insere a relação familiar de ambos?!

A relação de casal implica em ceder de cada lado, respeitar a opinião do outro, conseguir transmitir de forma clara sua opinião para outra pessoa de forma que ela consiga entender... não, isso não é fácil, agora imagina ampliar essa situação para a família dos 2 lados! Pais, mães, irmãos/ irmãs, cunhados (as), avós... E conviver com o parceiro torna-se um conviver com a família dele ou dela e por conviver entenda: lidar com uma forma de viver diferente daquela que em alguns casos (ou muitos) considera correta, perceber uma maneira diferente de ver o mundo e as relações, lidar com prioridades talvez opostas às suas e tudo isso influencia diretamente a sua vida, a sua casa, a sua relação amorosa, a criação dos seus filhos...

E aí sempre vem a pergunta? O que eu faço? Falo ou não? Como eu falo? O que eu falo? Critico ou fico quieta (o)? Me distancio? Será que é o melhor? Ou me sufoco com tudo em silêncio? As vezes, por medo de criar problema na relação com o parceiro, a pessoa decide não falar nada, mas isso resolve a situação? Por outro lado, falar a partir do seu ponto de vista, apontando o erro do outro lado adianta também? O que fazer então?

Vejo tantas histórias de brigas com a família do parceiro(a); brigas sérias que fazem com que o namoro ou casamento acabe ou com que a relação do filho com os pais, com os irmão fique completamente devastada... o que sei; o que percebo é que nem um nem outro desses finais é positivo, nem um nem outro é produtivo ou auxilia na individuação das pessoas envolvidas.

Relacionar-se implica em tentar estar no lugar do outro, entender a importância de tal situação para a(s) outra(s) pessoa (s) envolvida(s), entender que a dinâmica familiar esteve presente na vida do seu/sua parceiro(a) desde o nascimento dele e que o mesmo acontece com vc, o que certamente também é difícil pro seu/sua parceiro(a). Entender que ele ou ela é filho(a), irmão(a), neto(a), sobrinho(a), primo(a) e que essas relações são significativas pra ele/ela como são pra vc. Que mesmo seu parceiro(a) entendendo e percebendo que não quer repetir alguns padrões da família de origem, o que acontece com a família dele(a) vai sempre interferir na sua vida e na vida do casal. Não tem como isso não acontecer.

Buscar entender verdadeiramente a forma como a outra pessoa enxerga a vida, as relações, os problemas, tem ligação direta com entender a relação familiar da pessoa, a forma como se lida com problemas na família dele(a), a maneira daquela família enxergar o mundo e lidar com ele. Acredito que somente conseguindo abrir-se verdadeiramente para entender o mundo do outro (e isso inclui sua família) é possível conseguir estabelecer um diálogo sobre a nova forma de ser, de ver o mundo e de se relacionar que o casal irá construir junto, baseado nas relações de origem, mudando preceitos anteriores e podendo construir uma nova forma que não seja igual a nenhuma das duas famílias de origem, mas que consiga respeitar a base de onde cada um surgiu. Somente através dessa arte de se relacionar com o outro verdadeiramente, é que se torna possível uma relação mais sólida e bem fundamentada. Claro, isso não é fácil, mas é uma conquista diária e inestimável.

Lilian Garcia de Paula
Psicologa mestre em psicologia junguiana

domingo, 14 de junho de 2015

A MULHER BRASILEIRA DO SÉCULO XIX : UM OLHAR MACHADIANO

LILIAN GARCIA DE PAULA CINTRA* - RESUMO:  As mulheres do século XIX iniciaram um processo de maior liberdade pessoal mas não sem enfrentar dificuldades e julgamentos.A literatura retrata o momento histórico em que se insere e Machado de Assis fala sobre o mundo feminino e a repercussão de suas conquistas na sociedade e na psique humana. Iremos vislumbrar o que significou ser mulher no século XIX utilizando o olhar machadiano para tal intento.

Palavras-chave: século XIX, mulher brasileira, Machado de Assis, literatura.



* Mestre em Psicologia Clínica Junguiana pela Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC SP) e psicóloga clínica. Email: lidepaula@yahoo.com.br

sexta-feira, 6 de março de 2015

O AMOR E A RELAÇÃO COM O INCONSCIENTE

Falar de amor é ao mesmo tempo gostoso, difícil, requer cuidado e sutileza. Cada um entende o amor de uma forma, para cada pessoa ele é expresso de uma maneira e se relaciona com formas diversas de ser e estar no mundo.

É possível, então, imaginar a dificuldade de se trabalhar um assunto tão complexo no contexto clínico. Aquilo que cabe a mim, pode não caber ao você ou ao outro. Cada história tem características únicas e um sentido muito importante para os que a vivenciam. Muitas vezes, vem até mim na clínica, pacientes que relatam não enxergar valor na relação amorosa que vivenciam, acreditando que a história não vale a pena. Claro, isso vem regado de muito sofrimento e dúvidas. Muitas vezes, os pacientes comprovam durante seus processos, que sim, aquela história já terminou. Porém, nunca acompanhei um caso em que determinada história não tivesse um valor importante, não tivesse um sentido na vida daquela pessoa, e entender essa importância traz um sentimento de bem-estar, de ter vivido o que devia. Mesmo ao perceber que já não é mais cabível no momento de vida atual. Isso acontece...

Assim como acontece com diversas pessoas de resignificar suas histórias, de redescobrir o que muitas vezes se esconde embaixo da rotina, das dores do dia-a-dia. Da costumeira inabilidade que faz com que transformemos o amor em disputa, em ganhos e perdas, na busca de receber mais amor do que se oferece. Como se fosse quantificável... 

O vínculo que se constitui entre duas pessoas em um relacionamento amoroso permite que cada um possa entrar em contato consigo mesmo no que existe de mais verdadeiro em si. O verdadeiro sentimento que une duas pessoas resignifica na concretude, na vida prática, o contato com o outro que complementa nossa personalidade, o que traz um sentimento de plenitude e atualiza de forma mais forte o contato com nossa essência mais verdadeira.

Jung explica de forma belíssima a importância de vivenciar o amor plenamente:

Quando a libido de alguém vai para o inconsciente, menos vai para a
pessoa humana; quando se dirige à pessoa humana, menos vai para
o inconsciente. Mas quando se dirige a uma pessoa humana, e for
verdadeiro amor, é o mesmo que a libido ir diretamente ao
inconsciente, pois a outra pessoa é um representante muito forte do
inconsciente, mas apenas quando é amada de verdade. (JUNG,
[1916] 2011c, § 1105, p. 28).

As dificuldades em um relacionamento vem, muitas vezes de nossa própria dificuldade em lidar com nossos sentimentos confusos, nossos medos, nossa dificuldade em confiar, em acreditar, em apostar verdadeiramente na história que vivenciamos. Acreditar no amor que sentimos e no sentimento da outra pessoa não é tarefa das mais fáceis, mas somente confiando e acreditando no que se vive é que podemos ter uma história de amor completa e verdadeira. Amar requer coragem!